quinta-feira, 27 de maio de 2010

Capitulo 11 – Festa




Foram seis ótimos meses em San Diego, os Wentz foram muito hospitaleiros, Joey e Karen trataram Marie Anne como filha, ela e Camille se tornaram grandes amigas.

Voltar para Scottsdale deu um novo animo para Anne que apesar de todo carinho que recebia e das novas amizades que fez, sentia um vazio e às vezes tristeza repentina.

Ela não avisou ninguém de sua chegada, quis fazer surpresa, aproveitou as férias e voltou a sua ‘cidade-natal’. Ainda não se lembrava de seu ‘passado’, mas flashes sempre lhe ocorriam.

Ao chegar a Scottsdale foi primeiramente a republica da tia Ju.

- Eu não acredito no que estou vendo – gritou Ju ao ver Anne na porta com duas malas médias. – Gente vem ver quem está aqui.

- É a Angelina Jolie? – perguntou Gustavo, gaiato como sempre, descendo as escadas pulando.

- O Brad Pitt veio também? – perguntou Luisa abusando.

- Vocês são doidos, deve ser os pais de alguém – disse Diana, a racional do grupo.

- Espero que não seja os meus – replicou Marcos.

- Anne! – gritou Suzana descendo as escadas correndo e abraçando Anne que estava quase imóvel na sala multicolorida.

- Que saudade Suzi! – disse Anne enquanto Suzi mantinha-a cativa em um abraço de urso.

- Suzi, você vai sufocar a Anne – disse tia Ju puxando Suzi pelo braço.

- Ah, desculpa – disse ela envergonhada soltando Anne rapidamente, que suspirou aliviada e se sentou no sofá azul celeste.

- Porque não nos avisou que vinha? – perguntou tia Ju sentando-se na poltrona rosa - choque.

- Eu queria fazer surpresa.

- Onde você vai ficar Anne? - perguntou Suzi olhando para as malas encostadas em uma parede amarela.

- Bem, eu pensei em ficar aqui – respondeu olhando para Ju.

- É uma ótima idéia, já falou com Peter e Kate?

- Err... Eu ainda não os vi, vim aqui primeiro

- Ok, almoce com a gente e depois vamos lá falar com eles.

- Está bem.

O almoço foi tranqüilo, animado pelas brincadeiras de Gustavo e Marcos, logo após lavar os pratos e arrumar a cozinha Anne e Ju foram à casa dos Suey.

- Olá Kate – disse Julie animada enquanto Kate abria a porta.

- Ah, oi Julie, como vai? Entre – disse Kate com ar de cansaço.

- Err.. Kate, eu tenho uma surpresa.

- O que foi? – perguntou em um tom desanimado.

Ju fez sinal para que Anne saísse de traz da porta e aparecesse.

- Oh meu Deus! Anne! Você voltou! – exclamou Kate dando um abraço muito apertado em Anne.

“Desse jeito vou ficar amassada” pensou Anne.

Após isso, ficaram conversando por um bom tempo ate que.

- É melhor irmos né, Anne? – disse Ju levantando-se.

- Mas já? – retrucou Kate.

- Sim, hoje meus ‘sobrinhos’ combinaram de fazer uma reuniãozinha lá na republica com uma galera da escola e eu vou ter que ajudá-los a arrumar.

- Nossa – disse Kate surpresa.

- Isso não vai dar o que preste – disse Anne rindo, imaginando a tal ‘reunião’: Meg animada como sempre; Gustavo, Marcos e Andrew fazendo palhaçadas; Chris e Hannah tentando controlar Meg e Andrew e Kyle e Suzana sempre discutindo por causa dela.

- É melhor irem mesmo – disse Kate por fim.

- Vamos Anne – disse tia Ju.

Anne tentou levantar, desequilibrou-se e caiu de volta no sofá vermelho, fazendo círculos nas têmporas com os dedos.

- O que foi Anne? – perguntou Kate preocupada.

- Nada não – respondeu Anne um pouco zonza.

- Como assim ‘nada não’, você quase desmaia e depois diz ‘nada não’?! – disse Kate quase gritando.

- Acalme-se, Kate – disse Julie com o seu tom calmo costumeiro.

Kate respirou fundo algumas vezes e sentou-se novamente.

- Err... Olha, eu já disse realmente não foi nada – falou Anne enfatizando a palavra ‘realmente’ – Eu tenho essas dores freqüentemente.

- ‘Freqüentemente’? – perguntou Kate surpresa.

- É, desde que fui para San Diego.

- É melhor levarmos você para o medico você de deve estar com alguma...

- Eu já fui ao medico – disse Anne interrompendo Kate – Joey e Karen me levaram a um neurologista e ele disse que não é nada de mais, só uma enxaqueca, me receitou um remédio e alguns exercícios para saber a causa.

- Sendo assim, então – disse Kate menos preocupada.

- Bem, é melhor irmos agora. E não se preocupe Kate, eu cuido dela – disse Julie piscando.

- Como estão os preparativos, meninas? – perguntou Ju a Luisa e Suzi ao entrar na republica.

- Está indo muito bem – disse Suzi sorrindo.

- Onde estão os outros? – perguntou Ju ao perceber a falta de seus outros ‘sobrinhos’.

- Gustavo e Diana foram comprar algumas coisas que faltaram e Marcos foi atrás deles – respondeu Suzi.

- O que foi muito bom, a Diana só falta se jogar em cima do Guga – disse Luisa com uma pontada de ciúmes.

- Não Lú, VOCÊ que da em cima dele – disse Suzi enfatizando bastante a palavra ‘você’.

Luisa corou ao ouvir isso.

- Vou buscar um, err... Uma tesoura – disse Lú e subiu quase correndo as escadas.

- O que deu nela? – perguntou Anne espantada.

- Ela está apaixonada pelo Gustavo – disse Suzi em tom de fofoca.

- Suzi, para de inventar coisas – disse Ju seria a repreendendo.

- Eu não estou inventando. Anne, você precisa ver como ela olha pra ele, o jeito que fica quando ele esta perto. Ela esta definitivamente apaixonada.

- Eu realmente espero que seja mentira, conheço meu sobrinho, ele não é de se apaixonar, só vai fazer ela sofrer – disse tia Ju em um tom um pouco triste e preocupado.

- Eu já disse isso, mas ela não me ouvi.

- Ela não ouvi ninguém.

- É melhor deixar esse papo pra outra hora, ainda temos que arrumar a casa esqueceram? – disse Anne dando fim a conversa.

Pouco tempo depois Gustavo, Diana e Marcos chegaram e Suzi prometeu que ia deixar pra lá a historia de Luisa, que ficou um pouco aliviada.

A ‘festa’ estava animada, todos estavam alegres, dançando e rindo. Como sempre, Meg era a mais animada, sempre puxando a galera para dançar e fazendo coreografias. Chris, Andrew, Gustavo e Marcos estavam fazendo um campeonato de queda de braço com alguns outros alunos da escola.

Hannah e Luisa começaram um desfile, mas foram interrompidas por Gustavo e Andrew que insistiam em participar, mesmo sendo só para meninas. Tia Ju aproveitou e foi se divertir também, Gaspar Rutherfor a convidou para jantar com Kate e Peter.

Eram quase 21:00, quando a campainha tocou, Anne foi atender já que todos estavam ocupados.

- Marie Anne?! – exclamou Kyle surpreso e espantado.

- Kyle! – disse Anne e o abraçou fortemente – Senti muito sua falta.

Alguém pigarreou e Anne soltou Kyle rapidamente.

- Err.. Anne essa é Charlotte, minha... namorada.

Os olhos de Anne se arregalaram automaticamente e iam de Kyle a Charlotte, ela era ruiva e um pouco mais baixa que ele.

- Namorada? – murmurou Anne, mas ninguém ouviu.

- Kyle, Charlotte, entrem – disse Chris aparecendo de repente.

Eles entraram na casa, Anne estava paralisada.

- Me deve uma – sussurrou Chris.

Anne tinha milhões de perguntas a fazer, mas a única coisa em que conseguia pensar era Kyle e Charlotte juntos, suas pernas ficaram bambas e Chris a segurou.

- O que foi Anne? – sussurrou Chris preocupado, pois por alguns segundos os pensamentos de Anne ficaram bloqueados.

- Minha cabeça. Dói. – murmurou Anne fracamente.

Chris a levou para um banco que ficava na varanda, a brisa fria fez Anne arrepiar-se.

- Está frio, não é? – disse Chris tirando seu casaco e o dando para Anne.

- Obrigada – disse simplesmente.

- Sua cabeça melhorou? – perguntou Chris antes que o silencio dominasse, Anne percebeu o duplo sentido na frase e demorou um pouco para responder.

- Parou de doer.

- Quer voltar para a festa?

Anne imaginou Kyle e Charlotte juntos e logo expulsou essa idéia de sua cabeça.

- É melhor não, se quiser pode ir.

- Eu vou, mas vou pedir para Meg ficar aqui com você, ela vai te convencer a voltar para a festa em dois segundos – disse Chris entre risos.

- Eu não duvido.

Chris voltou para a festa e Anne ficou sozinha na varanda, refletindo sobre sua estranha reação ao ver Charlotte e o motivo por odiar ela sem a conhecer. Alguns segundos depois Meg apareceu.

- Anne, por que está aqui sozinha? – perguntou sentando-se no banco.

- Eu estou só pensando. Tentando relaxar um pouco, afinal eu cheguei faz pouco tempo de San Diego – tentou explicar.

- Sei, mas isso não é desculpa pra sair daquele jeito da festa. Vamos voltar pra lá agora, antes que comecem a imaginar coisas. – disse Meg.

- Mas... – começou Anne.

- Sem ‘mas’ nem meio ‘mas’, vamos agora - interrompeu Meg, puxando-a pelo braço.

- Tá bom então.

O resto da noite foi tranqüila, eram quase duas da manhã quando tia Jú chegou na república com Gaspar. A maioria dos convidados havia ido embora, menos os Rutherfor, Anne e Luíza já estavam dormindo, alegaram dor de cabeça, mas queriam apenas evitar algumas pessoas. Julie mandou todos irem dormir, Gaspar levou seus ‘filhos’ para casa e a festa teve seu fim definitivo.

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capitulo 10 - Decisão




Parte 2


Separei algumas roupas minhas e coloquei em uma pequena mala roxa, pra variar, não é possível alguém gostar tanto assim de roxo!

Descemos as escadas e Kate estava na sala com uma moça morena, jovem e alta.

- Tia Ju?! O que você esta fazendo aqui? – disse Suzana surpresa.

- Eu vim buscar vocês. Kate me ligou e contou tudo.

- Ahh.

- Então, você é a famosa Marie Anne – disse a ‘tia’ Ju se aproximando de mim.

- Sim.

- Muito prazer, eu sou Julie, mas pode me chamar de Ju, tia Ju – disse sorrindo e piscou para mim, eu e Suzi rimos.

- Prazer te conhecer – respondi apertando sua mão estendida.

- Antes que você pergunte, ela não é minha tia. – disse Suzi pegando minha mala.

- Vamos, está tarde – disse ‘tia’ Ju.

- Tá bom, tchau Kate – disse abraçando-a e lhe dando um beijo na bochecha.

- Tchau – ela respondeu nos levando ate a porta.

Entramos no carro e fomos para a republica onde elas moram, descemos do carro e entramos na casa. Ela era bem pequena por fora e tinha um andar, ela estava aparentemente vazia, a decoração da sala era em tons de amarelo e bege. Subimos para o quarto de Suzi, onde eu ficaria durante minha estadia, ele era bem grande: duas camas, dois armários, duas janelas, o papel de parede era listrado em tons de verde-água e azul-bebê combinando com o resto da decoração.

Coloquei minhas coisas no armário em frente a ‘minha’ cama, tomei banho, coloquei uma roupa confortável e fui dormir.

- Anne, acorda – disse Suzi delicadamente.

- Acordaaa – gritou um rapaz batendo tampas de panela.

- Gustavo, vai guardar essas tampas e deixa a Anne dormir – disse uma voz feminina bem brava e logo depois ouvi um estalo, acho que foi um tapa.

- Ai Diana! – disse o tal Gustavo.

Abri meus olhos, levantei, vesti uma roupa qualquer e desci as escadas preguiçosamente.

- Bom dia Anne, dormiu bem? – perguntou tia Ju enquanto eu me sentava na grande mesa da cozinha.

- Bom dia, dormi como um bebê. – disse sorrindo enquanto pegava uma xícara.

- Você vai para a escola vestida assim? – perguntou com desprezo, uma menina loira de olhos verdes, que tinha acabado de chegar à cozinha. Escola? Tinha esquecido que hoje era quarta-feira.

- Cala a boca Luiza – retrucou Suzi.

- Virou defensora dos fracos e oprimidos, Suzi querida?

- Quietas vocês duas – bradou tia Ju dando fim à confusão.

- Eu vou ter que ir pra escola? – perguntei preocupada, não queria encarar uma multidão de pessoas que não conheço.

- Você não precisa ir Anne – disse tia Ju.

Ainda bem que ela entendia, eu não queria ir.

1- Eu não me lembro de quase ninguém.

2- Minha perna ainda está engessada.

Os outros estudantes da republica chegaram, tomaram café e foram para a escola, menos Suzi e eu.

- Suzi, tia Ju – disse sentando-me no sofá marrom da sala de estar.

- Diga, Anne – disse tia Ju sentando-se ao meu lado.

- Eu estive pensando e, acho melhor sair dessa cidade, por enquanto.

- Como assim? – perguntou Suzana assustada, enquanto sentava na poltrona em frente.

- É muito estranho para mim estar rodeada de pessoas que me conhecem e não se lembrar de nenhuma delas.

- Deve ser realmente difícil para você, Anne, mas pense nos seus pais e ...

- Eles não são meus pais, eu não os conheço – disse a interrompendo.

- Por favor escute a Julie – pediu Suzi.

- Não! Eu quero ir embora daqui. Vocês não entendem, não quero mais ficar aqui. Não quero mais ter que fingir que conheço e gosto dessas pessoas, porque eu nem sei quem elas são, eu não quero que fiquem olhando pra mim com pena, como se eu fosse uma boneca quebrada, ta bom? Eu só.... – disse me levantando, gritando e lagrimas começaram a sair dos meus olhos.

- Anne, sente-se – pediu Ju.

- Você precisa se acalmar – falou Suzi.

- E-eu só...só quero...ir embora...d-daqui – disse entre soluços.

- Nós vamos pegar uma água com açúcar pra você – disse tia Ju, fazendo gesto para que Suzi a seguisse.

Elas começaram a demorar com a água, e fui atrás delas, a porta da cozinha estava fechada, mas eu as ouvi conversando.

- Nós temos que contar a verdade para Anne – pediu Suzi.

- É melhor esperarmos ela se recuperar – respondeu Ju.

- Mas e se alguém descobrir e contar a ela? – disse Suzi apavorando-se

- Ninguém vai descobrir.

- Os Rutherfor estão ficando cada vez mais desconfiados de nós – retrucou Suzi ainda assustada.

- Nós vamos ter que dar um jeito neles – disse Ju de forma muito sombria, eu até me arrepiei.

- Nós quem, Ju?

- Eu e você é claro.

- Eu não quero me meter nisso, eles são muito poderosos.

- Quieta Suzi, deixa de ser medrosa. Mas você tem razão, temos que contar logo para Anne.

Suzana respirou aliviada.

- Quando? – ela perguntou apreensiva.

- Quando ela voltar – respondeu Ju com um tom pensativo.

- Voltar? – perguntou Suzi confusa.

- Sim. Vamos deixar ela fazer a tal viagem, e quando voltar contamos tudo, certo?

- Certo.

- Agora vamos voltar para a sala, Anne está nós esperando.

Voltei para o sofá quase correndo e sentei-me onde estava anteriormente.

- Você está mais calma Anne? – perguntou Suzi me dando o copo com a água.

- Estou sim, obrigada – disse e depois bebi um gole.

- Nós conversamos e decidimos que é melhor você ir, mas terá que falar com Kate e Peter, porque eles são seus pais perante a lei e você só tem 17 anos. – disse tia Ju em um tom serio.

- Está bem

- Mas pra onde pretende ir?

- Err... – eu tinha esquecido esse detalhe :s

- Bem, você pode fazer um intercambio escolar em San Diego, meu irmão Joey mora lá e eu posso falar com ele para te deixar ficar lá por um tempo.

- Serio?

- Sim.

- É uma ótima idéia Ju – disse Suzi empolgada.

- Então está certo. Só falta a autorização de Peter e Kate – disse sorrindo.

- Que horas são Suzi? Você ainda tem que ir para a escola.

- Já são 8:00 e o portão fecha as 7:40.

- Hum. Já que não da mais tempo de ir para a escola vocês vão me ajudar a arrumar a republica.

Eu e Suzi fizemos uma careta, mas mesmo assim tivemos que ajudar Julie, mesmo estando com a perna engessada tive que ajudar :@

Quando terminamos a limpeza, já era de tarde e os todos já haviam chegado da escola.

- Já falei com meu irmão, Joey. Ele disse que gostou muito da idéia, e ele tem uma filha da sua idade a Camile. Ela é um pouco reservada, mas vocês vão se dar bem – disse tia Ju animada.

- Que bom – respondi no mesmo tom de animação.

- Anne, me responda uma coisa – disse ela hesitante, enquanto contemplava o teto e o chão da cozinha ensolarada.

- Diga – disse apreensiva.

- Onde você vai arrumar dinheiro para as passagens e despesas?

- Ahh, bem, err... eu tenho um dinheiro guardado.

- Ué, como você sabe? Você não tinha perdido a memória?

- Dinheiro é uma coisa difícil de esquecer, hein? – disse Gustavo rindo enquanto pegava uma água na geladeira.

Depois que ele saiu, eu continuei.

- Eu encontrei em uma gaveta no ‘meu’ quarto um envelope com dinheiro.

- Ahh – disse ela com ar de desapontamento.

- O rango já ta pronto, tia? – perguntou Marcos ofegando puxando uma cadeira na mesa de alumínio.

Ele tinha acabado de chegar do treino de futebol e estava sem camisa, e nossa como ele era lindo. *---------*

- Cadê sua camisa Marcos? – perguntou tia Ju com uma cara seria.

- Ah... eu vou buscar – disse sem graça me deu uma olhada de conto de olho e subiu as escadas.

- Esses meninos... – disse tia Ju pensativa.

- Então Anne, quando ira falar com seus pa..., err, Kate e Peter?

- Bem, eu pensei em hoje ou amanha.

- Já?

- Sim, quanto mais rápido falar com eles mais rápido poderei ir embora.

- Está certo.
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- Liguei para Kate e ela disse que poderíamos ir hoje mesmo.

- Ok. Espero que eles entendam.

- Não se preocupe, eu vou te ajudar.

- Obrigada, vamos
_______________________________________________

- Entrem – disse Kate abrindo a porta da casa.


- Então, o que você quer falar comigo, Anne? – perguntou ela, acomodando-se na poltrona laranja, enquanto eu e tia Ju sentávamos no sofá vermelho, que contrastavam harmoniosamente com a decoração branca e prata.

- Bem, eu estou querendo fazer um intercambio, em San Diego, California.


- Intercambio em San Diego?

- Sim.

- E onde você vai ficar? Em qual escola vai estudar? Você conhece alguém lá? Quem te deu essa idéia? E quem vai pagar suas despesas? – explodiu Kate com autoridade e severidade.


- Uma pergunta de cada vez, Kate – disse tia Ju tentando acalmá-la.

- Uma pergunta de cada vez, Kate – disse tia Ju tentando acalmá-la.


- Esta bem – disse um pouco mais calma.

- Ela vai ficar na casa do meu irmão.

- Joey?

- Sim, eu já falei ele.

- E o que ele disse? – perguntou com um interesse repentino.

- Gostou muito da idéia, ele tem uma filha da idade de Anne, elas vão se dar bem.

- Sendo assim, tudo bem! – respondeu feliz.

- E em relação ao dinheiro, Anne? – perguntou Kate especulativa.

- Bem, eu... tenho um dinheiro guardado.

- Ahh, você encontrou ‘suas’ economias, não foi?

- Foi – disse corando e baixando levemente meus olhos para o tapete indiano.

- Mas não precisa usar elas. Eu e Peter pagamos as passagens e despesas.

- Que?

- É isso mesmo, nós pagamos para você. Eu sei por que você quer ir a San Diego, é porque você não se lembra de quase nada. Você amava essa cidade, sempre recusava quando queríamos fazer uma viagem para um lugar longe daqui. – disse Kate com o pensamento muito longe.

- Eu te disse que ela entenderia, Anne – disse tia Ju, enquanto dirigia de volta para a republica.


- É.

Fiquei sem reação diante da facilidade de Kate em aceitar minha ‘viagem’, acho que ela já sabia que eu iria querer sair da cidade e quis ser prestativa.

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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Capitulo 10 - Decisão




Parte 1


Depois do abraço, Kate partiu o bolo e deu aos convidados, que vinham me cumprimentar alguns diziam que nasci de novo, outros diziam que eu deveria prestar mais atenção nas coisas, eu simplesmente sorria e dizia ‘obrigada’, eu não lembrava de nenhum deles e me sentia em uma daquelas reuniões de família cheias de parentes que nunca vi, mas que sabiam tudo da minha vida.

Ate que, um pequeno grupo, de quatro pessoas, veio em minha direção.

- Olá Marie Anne, nos já sabemos que você perdeu a memória – disse um deles, ele era alto, moreno e muito bonito.

- Meus ‘pais’ contaram para vocês? – perguntei aliviada por não precisar fingir, já que nem todos sabiam.

- Não, foi o Kyle – disse a menina que estava ao seu lado, eles tinham quase a mesma altura, ela também era morena e tinha mechas coloridas.

- Ahh – respondi, eles deviam ser meus amigos para Kyle ter contado para eles.

- Você não se lembra dele né? – perguntou uma loira baixinha que estava ao lado de um rapaz de cabelos cor de mel um pouco mais alto que ela.

- Não, a propósito, qual o nome de vocês?

- Que falta de educação a nossa – disse o rapaz ao lado da ‘sininho’.

- Nós somos, Meg, Hannah, Andrew e eu sou Chris – enquanto ele falava eu tive uma breve sensação de que já tinha ouvido isso antes.

- Vocês são parentes? – perguntei de repente, se curiosidade matasse eu estaria morta. xD.

- Sim, eu sou irmão de Hannah e Andrew é irmão de Meg – disse Chris entre risos.

- Por que está rindo? – perguntei.

- Nada, eu me lembrei de uma piada – disse segurando o riso.

- Diga, eu também quero rir – novamente a curiosidade bateu.

- Eu também quero saber, Chris – disse Meg sorrindo.

- Conta ai Andrew, aquela do pãozinho – ele disse olhando para Andrew, que começou a rir.

- Tá bom – disse Andrew rindo muito.

- Ebaa – disse Meg animada.

- “Estavam dois pães de queijo no forno. Um deles falou assim:


--Nossa! Tá quente aqui, não?!


E o outro respondeu:


--Socorro, socorro! Um pãozinho falante!”

Todos caíram na gargalhada, mesmo sendo um pouco sem graça, Andrew é bem engraçado apesar da cara de ‘mal’.

O telefone de Andrew tocou.

- Alo, Gaspar?

(pausa)

- Já estamos indo! – disse e desligou.

- Chris, temos que ir agora – disse Andrew apressadamente com um pouco de medo e pavor em seus olhos.

- Certo, tchau Anne, melhoras – disse Chris puxando Meg pela mão.

- Tchau Anne – disseram Hannah, Meg e Andrew em coro e saíram pela porta da frente.

Depois que todos foram embora só ficaram eu, Kate e Suzana na casa, enquanto Kate estava na cozinha eu e Suzi limpávamos a sala.

Err... Suzi limpava e eu só ajudava. xD.

- Suzi...

- Diga Anne – disse se virando para mim e deixando a vassoura e a pá em um canto da sala azul claro.

- É que, eu não vou me sentir bem nessa casa. Eu posso ficar com você por uns dias? – perguntei um pouco apreensiva.

- Claro, Anne – respondeu Suzi animada, seus olhos brilhavam de excitação.

- Que bom, depois de arrumarmos a sala teremos que falar com Kate

- Ok.

Depois que ‘limpamos’ a sala fomos falar com Kate.

- Licença Kate – disse ao entrarmos na cozinha

- O que foi querida? – disse ela deixando os pratos de lado e enxugando as mãos.

- É que,... eu gostaria de passar alguns dias na casa da Suzi, eu ainda estou muito confusa e...

- Eu entendo, mas você tem certeza disso? – disse Kate me interrompendo.

- Tenho, é que fica estranho morar com você e Peter e não me lembrar de vocês.

- Eu sei que você esta confusa filha, eu também ficaria na sua situação, então já que você acha melhor ir com a Suzana, não tem problema, mas quero que saiba que sempre poderá contar comigo.

- Obrigada, por tudo – disse e a abracei, senti lagrimas saírem dos meus olhos e dos de Kate também.

- Agora, suba e vá pegar suas coisas – disse tristemente limpando as lagrimas e voltando aos pratos.

- Esta bem – disse

Subi a escada de madeira com Suzi nos meus calcanhares, ela tinha observado tudo do lado de fora da cozinha. Encontrar ‘meu’ quarto não foi difícil, pois todas as portas tinham placas, exceto uma, a ultima porta do corredor. Ela era velha e estava corroída, eu andei em direção a ela e antes que pudesse tocar a maçaneta enferrujada, Suzi segurou minha mão.

- Não entre ai – disse ela seriamente.

- Porque não? – perguntei desafiando-a.

- É melhor pegarmos suas coisas, esta ficando tarde – disse Suzi mudando de assunto.

Tinha algo atrás daquela porta e eu iria descobrir, mais cedo ou mais tarde.

- Tá bom, vamos – disse dando meia volta e indo em direção a porta com a placa “Marie Anne”.

O quarto era lindo, as paredes intercalavam entre lilás, roxo e branco, tinha duas janelas que davam para a rua, as cortinas eram cor de lavanda com delicadas rendas, a cama era cor de marfim com um lençol branco com flores lilás. No canto direito do quarto havia um escrivaninha com um computador e na parede um quadro com varias fotos, desenhos e anotações, entre elas uma foto me chamou a atenção, eu e Kyle estávamos abraçados com um pôr-do-sol lindo ao fundo e duas anotações ao lado:

“Kyle Riping, meu melhor amigo ever, nunca vou me esquecer de você


“Marie Anne Suey, a garota mais incrível que eu já conheci

- Anne, você tem que... você esta chorando? – disse Suzi interrompendo meus pensamentos e me trazendo de volta a realidade.

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Capitulo 9 – Perguntas sem resposta




- Você se lembra dela e não lembra de mim? – perguntou Kyle indignado e muito decepcionado.
- Oh Anne, que bom que você se lembra de mim – disse Suzana me abraçando.

- Ai – murmurei, meus braços começaram a doer com a abraço de Suzana que se afastou rapidamente.

- Viu o que você fez? – resmungou Kyle dando um tapa de leve no ombro de Suzana.

- Não briguem, eu estou bem – disse com a voz fraca.

- Desculpa Anne, é que eu ...–

- Não precisa se desculpar, foi uma besteira – disse a interrompendo.

- É melhor irmos embora Suzi – disse Kyle com um pouco de pesar em sua voz.

- Por quê? - perguntou Suzi um pouco surpresa.

- Anne tem que descansar, ela já recebeu visitas demais hoje – disse Kyle com um leve tom de sabe-tudo.

- Esta bem então, tchau Anne – disse Suzi acenando.

- Tchau Marie Anne – disse Kyle tristemente.

- Tchau – eu disse e tentei acenar.

Suzana e Kyle foram embora e eu fiquei sozinha no quarto branco de hospital com os aparelhos *bipando* sem parar.

Meu pensamento vagava por lugares que eu desconhecia, flashes de cenas passadas começaram a passar por minha mente, lembranças perdidas em uma confusão de pensamentos aleatórios.

Procurei por minha mente lembranças de Suzana, Kyle e de meus ‘pais’, e para minha total surpresa, quando pensei nas palavras ‘pai’ e ‘mãe’, apareceram imagens de outro casal, menos simpáticos que Peter e Kate.

Se eles não são meus pais, porque mentiram? O que eles ganhariam me enganando? Porque não me lembro de Kyle se disseram que ele é meu melhor amigo? Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Em meio a toda essa confusão me lembrei de ter visto Suzana pouco depois de ser atropelada, ela me salvou. Mas, espera um pouco, Peter me disse que Kyle me salvou. Muito estranho...

Em meio a toda essa confusão mental, eu adormeci novamente, ao acordar vi Peter com seu jaleco branco e uma prancheta na mão.

- Que bom que você acordou filha, err Anne – disse Peter.

- É, eu não sabia que ser atropelada dava tanto sono – disse tentando ser engraçada.

- Apesar de perder a memória você continua sem conseguir ser engraçada – disse rindo e eu revirei os olhos.

- Bem, você já esta melhor, pode ir para casa, vou chamar sua mãe, err Kate.

- Esta certo – eu disse e Peter saiu do quarto.

Um tempinho depois ele entrou novamente com Kate ao seu lado.

- Vamos? – perguntou Kate empolgada.

- Vamos.

Eu levantei da cama com dificuldade, Peter e Kate me ajudaram, por causa do gesso eu não conseguia andar direito. Fomos para o estacionamento do hospital e me colocaram no carro deles um ____. Peter ficou no hospital e Kate foi dirigindo, ate que ela dirige bem.

Ela estacionou o carro em frente a uma casa de andar, com janelas e portas de madeira escura contrastando com as paredes brancas. Descemos do carro e entramos na casa, assim que Kate abriu a porta demos de cara com 15 ou 20 pessoas batendo palmas e gritando, um bolo de chocolate em uma mesa e logo acima uma enorme faixa com os dizeres: “Bem vinda de volta, Marie Anne”.

Ao ver aquela cena meus olhos se encheram de lagrimas, não só por causa da festa-surpresa, mas não lembrar das pessoas que ali estavam, eu reconheci duas pessoas: Suzana e Kyle.

Kate ao perceber que eu iria chorar me abraçou e todos os outros também me abraçaram, foi o melhor abraço em grupo que ganhei.

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Capitulo 8 – Onde estão minhas memórias?




Comecei a ouvir um bip perto de mim e um cheiro de éter que me tomou e me deixou mais tonta do que já estava, eu abri meus olhos vagarosamente e me deparei com o teto branco, olhei para os lados e haviam vários aparelhos piscando e 'bipando', do meu lado direito havia também uma cadeira e alguém sentado nela, dormindo. Eu estava em um hospital, obvio, mas por quê? Eu não me lembro.

Após alguns segundos uma moça alta, morena, de cabelos cor de mel, entrou e logo depois dela um homem alto um pouco calvo, ambos ao me verem ficaram com uma expressão de alivio.

- Filha que bom que você acordou – disse a moça me abraçando, eu a encarei assustada.

- Quem é você? – perguntei com olhos arregalados.

- Deixe de brincadeira Anne – disse o homem calvo.

- Eu não conheço os senhores

- Anne, somos seus pais – disse a mulher com um tom preocupado, olhando para o homem ao seu lado.

- E-eu não conheço vocês. – disse ficando assustada.

- Ela deve ter sofrido algum dano cerebral na hora do acidente e ...

- Acidente? – perguntei cortando, sem pensar, o homem.

- Você não se lembra de nada querida? – perguntou a mulher com um olhar de piedade e pesar.

- Não.

- Bem, você estava atravessando a rua enquanto ia para casa e um carro desgovernado veio na contra-mao e te atropelou, Kyle seu amigo viu tudo e chamou a ambulância.

Enquanto aquele senhor falava, eu começava a me lembrar do que aconteceu, e senti um dor terrível na perna e nos braços. Eu fiz uma careta e os dois ao meu lado fizeram uma cara de tristeza.

- É melhor irmos embora, você precisa descansar – disse o homem.

- Esperem, quem aquele cara? – eu perguntei apontando para o rapaz dormindo na cadeira.

- Ele é Kyle Riping, um amigo de ouro, não saiu de perto de você nem um segundo, Anne – disse a mulher com admiração.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Há algumas horas – respondeu a mulher.

Tentei me ajeitar na cama e minha cabeça começou a doer, fiz outra careta.

- Você precisa realmente descansar – disse o homem atenciosamente.

- É verdade, melhoras – disse a mulher e se viraram para sair do quarto.

- Mais uma coisa

- Diga – disse a mulher sorrindo

- Eu ainda não sei o nome de vocês.

- Eu me chamo Peter Suey, e a propósito sou seu medico. – disse sorridente

- Kate Suey, sou advogada, pronto agora?

- Sim, obrigada

- Não precisa agradecer – disse Kate beijando minha testa

- Vamos – disse Peter piscando pra mim e saindo do quarto.

Logo após eles saírem uma enfermeira entrou.

- Sou a enfermeira Jones, vou estar sempre por aqui, qualquer coisa é só me chamar – disse apontando para um botão branco do lado da cama.

- Ok – respondi e ela me injetou um remédio.

Eu adormeci rapidamente e por tempo indeterminado, quando acordei vi o rapaz que anteriormente dormia na cadeira, sentado ao lado da minha cama. Ele era muito bonito não podia negar, tinha cabelos bronze cacheados, olhos escuros e curiosos que pareciam dois poços te convidando a cair neles.

- Boa noite Anne – disse sorrindo timidamente.

- Já é noite? –perguntei mais uma vez tonta.

- Sim – disse sorrindo, seu sorriso era um dos mais bonitos que já havia visto.

- Quem é você?

- Sou Kyle Riping, seu amigo – disse um pouco confuso.

- Desculpa, mas eu não me lembro de você – disse e vi a frustração passar por seu rosto e logo foi substituída pela compreensão.

- É eu sei, seus pais me falaram

- Licença, desculpa interromper, mas tem uma moça que quer muito falar com a Srta. Suey – disse a enfermeira Jones entrando no quarto.

- Não precisa falar com ela se não quiser – disse Kyle muito atencioso.

- Pode deixar ela entrar, talvez quanto mais pessoas eu ver, mais eu me lembre.

- Eu queria que você se lembrasse de mim – sussurrou Kyle, tão baixo que nem parecia que tinha falado.

- O que você disse?

- Nada não.

- Vou pedir para ela entrar – disse a enfermeira saindo do quarto.

Poucos segundos depois entrou no quarto um menina de estatura media de cabelos loiros e lisos no meio das costas.

- Ola Anne, esta melhor? – perguntou se posicionando ao lado da minha cama.

- Estou sim – respondi um pouco mais disposta.

- Você se lembra de mim? – perguntou esperançosa.

Eu vasculhei pela minha mente fraca e confusa alguma lembrança daquela menina e com surpresa eu sabia quem ela era.

- Suzana?

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Capitulo 7 – Normal mas nem tanto




Mostramos para os novatos suas respectivas salas e depois fomos para nossa sala, durante o caminho a tal da Luisa não tirou os olhos de Kyle que conversava animadamente com Gustavo e Marcos, que eram em super divertidos. Suzana, Marcos e Luisa ficaram na nossa turma.

- Ai amiga, tô tão feliz de estar na sua turma – disse Suzi empolgada.

- Eu também, sabe, eu ainda não consigo acreditar que você fugiu de casa.

- Às vezes nem eu acredito.

- Onde você esta morando Suzi?

- Em uma republica no centro da cidade.

- Com quem mais?

- Sabe os novatos que a diretora te apresentou?

- Moram todos juntos? – perguntei surpresa.

- Sim, mas em quartos separados , obvio.

- Sei, e tem alguém de maior com vocês?

- Claro, a tia do Gustavo esta com a gente, ela é super legal, parece uma adolescente.

- Então não da o que preste lá né?

- Mais ou menos – disse rindo.

Estávamos em frente à sala de aula, entramos e nos sentamos no fundo, Meg, Chris, Andrew e Hannah, já estavam lá

- Oi gente, essa é Suzana Bouvier, minha melhor amiga e ela vai estudar aqui com a gente.

- Olá – disse Suzi um pouco acanhada, eu nunca tinha visto ela desse jeito, estranho...

- E essa é Luisa Gusmão, também vai estudar conosco.

- Oi tudo bem? – disse Luisa tentando ser gentil.

- Hum, esses são Andrew, Hannah, Meg e Chris.

- É um prazer conhecê-las, Suzana e Luisa – disse Meg

- Obrigada – disseram em coro.

- Pode me chamar de Suzi.

- Ok então, Suzi – disse Meg sorridente.

- Shh... prestem atenção não aula – disse o prof. Rosedoot e bateu com o livro na minha cabeça.

- Ai professor – disse e todos riram.

Durante toda a aula Chris olhou desconfiado para Suzi, Luisa e Hannah estavam conversando animadas, eu não imaginava Hannah sorrindo, mas não se pode julgar as pessoas e afinal eu os conheci ontem, Andrew e Marcos também estavam se dando bem.

A aula passou rapidamente, pois estava um clima ótimo, todos conversando e rindo. O sinal tocou e fomos para o pátio, lá encontramos os outros novatos, eu e Kyle os levamos para o ‘tour’ pela escola e depois fomos para o refeitório pegar nossos almoços.

- E então de onde vocês vieram? – perguntei aos novatos para não deixar o silencio reinar em nosso almoço.

- Eu vim de Fresno, Califórnia – disse Luisa

- É um pouco longe não? – disse Kyle

- Meus pais queriam um tempo de folga de mim, e ouvi dizer que as escolas daqui são muito boas.

- E você Gustavo?

- Eu vim de Dallas, Texas, mais longe ainda – disse Gustavo rindo

- Pois é – eu disse também rindo

- Marcos e Diana?

- Viemos de Paradise Valley – respondeu Diana

- Os mais próximos daqui – completou Marcos rindo

- E você Suzana? – perguntou Kyle

- Phoenix, aqui perto também.

- E vocês ai? – perguntou Gustavo olhando para os Rutherfor

- Vancouver, Canadá – respondeu Chris

- Os que vieram de mais longe – completou Meg sorridente como sempre, é incrível como ela fica feliz o tempo todo.

Depois de conversarmos mais um pouco o sinal tocou novamente e voltamos para nossas salas.

As aulas depois do almoço sempre passam mais rápido e logo já era hora de ir embora.

- Tchau pessoal, até amanhã – eu disse me despedindo da galera antes de ir.

Estava indo para casa a pe e sozinha, após andar alguns quarteirões, fui atravessar uma avenida, o sinal estava fechado e eu atravessei e tudo ficou preto, eu não via nem sentia nada.

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sábado, 19 de setembro de 2009

Capitulo 6 – Surpresas




Acordei um pouco tarde, cansada da noite de ontem, tomei um banho, fiz minha higiene e fui tomar café.


- Bom dia – disse triste e desanimada para as cadeiras vazias da cozinha. Como sempre meus pais já haviam saído para trabalhar e eu estava sozinha em casa, aproveitei e coloquei um CD de musicas ‘dance’ tomei meu café-da-manhã e esperei dar o horário de ir para a escola.

Dez minutos depois, eu estava saindo de casa e ouvi um carro buzinando, olhei para trás e vi o carro de Chris, o inconfundível carro importado preto com vidros escuros, as janelas da frente estavam abertas, sinal de que não havia ninguém no banco de trás.

- Bom dia, o que estão fazendo aqui tão cedo? – perguntei, Meg estava no banco do carona sorridente como sempre.

- Bom dia, quer uma carona? – perguntou Chris sorrindo educadamente.

- Não precisa, vou andando mesmo – eu queria uma carona, mas não gosto de aceitar de primeira.

- Vamos – pediu Meg com cara de cachorro pidão.

- Tá bom – eu revirei os olhos e quando abri a porta do carro me deparei com Kyle.

- Kyle? – disse surpresa.

- Bom dia Marie Anne – falou sorrindo.

- Nós o encontramos no caminho – disse Chris.

- E oferecemos uma carona também – completou Meg.

Todos estavam sorridentes, o clima no carro estava ótimo. Mas tinha algo errado e eu iria descobrir, não agora, depois.

- Ah, Marie Anne eu vou começar a trabalhar hoje na padaria lá da esquina – disse Kyle animado.

- Nossa que bom – respondi, fazia um tempo que Kyle procurava um emprego para ajudar os pais.

- Eles estão precisando de mais alguém pra ajudar, e eu pensei em te recomendar.

- Seria ótimo, mas não posso – Kyle se entristeceu ao ouvir minhas palavras – você sabe como são meus pais, não gostam de deixar a casa sozinha, mas não se importam de me deixar sozinha.

- É uma pena – ele estava decepcionado, mas ele me entendia.

- Vocês estão tão quietos – disse quebrando o silencio que se formou e Meg riu.

- Você só sabe rir né Meg? - perguntou Kyle rindo também.

- Pois é, melhor rir que chorar – respondeu Meg.

- Chegamos – disse Chris.

Saímos do carro e fomos em direção a escola.

- Anne nós temos que ir a secretaria antes de ir para a sala – disse Kyle quando entramos no pátio principal da escola.

- Ok, tchau Chris, tchau Meg – disse.

- Tchau – responderam em coro.

Ao entrarmos na secretaria havia um grupo de novos alunos e um deles me chamou a atenção.

- Suzana? – perguntei surpresa e apreensiva me aproximando de uma menina morena de cabelos compridos e cacheados.

- Marie Anne ! – era ela mesmo, minha melhor amiga, ela morava em Phoenix a alguns km daqui.

- Suzi amiga, o que você esta fazendo aqui em Scottsdale? – perguntei abraçando-a.

- Amiga, eu to morando aqui.

- O que? Seus pais se mudaram e eu não to sabendo? – disse um pouco chateada.

- Não amiga, vem cá – disse me puxando para um canto meio isolado.

- Eu fugi de casa Anne – disse seria.

- Serio mesmo? – perguntei preocupada.

- Sim.

- Porque você fez isso Suzi?

- Eu não agüentava mais Anne, meu pai está bebendo cada vez mais e batendo na minha mãe, e ela começou a beber também, eles brigam o dia inteiro. Eu estava dormindo na casa da vizinha, ela que me ajudou a comprar a passagem e talz – desabafou Suzi.

- Oh meu Deus, Suzi.

- Pois é – disse ela quase chorando.

- Suzi, se lembre ”Garotas grandes não choram” – falamos em coro a famosa frase.

- É eu sei – respondeu, lágrimas saíram de seus olhos. Apesar de tudo ela amava os pais, ela tentava esconder, mas não conseguia.

- Se recomponha, Suzana. Vamos enxugar essas lagrimas, é seu primeiro dia de aula aqui – disse reconfortando-a, ela limpou o rosto com um pano.

- Obrigada Anne – disse Suzi já recomposta – não sei o que faria sem você.

- Oh, Suzi de nada – e a abracei

- Err, desculpa interromper vocês, mas a diretora esta te esperando Anne – disse Kyle

- Ah, certo.

- Marie Anne, esses são os novos alunos de quem lhe falei – disse a diretora Clark, e os alunos se levantaram.

- Diana Lefebvre, 1 ano – disse apontando para uma menina morena baixa de cabelos lisos, parecia uma índia.

- Marcos Lefebvre, 2 ano, irmão de Diana – um rapaz alto moreno também parecia um índio.

- Gustavo Portman, 1 ano – loiro de olhos verdes com cara de menino.

- Luisa Gusmão, 2 ano – loira alta com cara de enfezada.

- E Suzana Bouvier que você já conhece, 2 ano – minha amiga riu com a observação da diretora.

- Agora que vocês já foram apresentados podem ir para suas salas, o sinal ira bater logo. No intervalo você mostrará a escola a eles Marie Anne – concluiu a diretora e saiu da sala.

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