segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Capitulo 8 – Onde estão minhas memórias?




Comecei a ouvir um bip perto de mim e um cheiro de éter que me tomou e me deixou mais tonta do que já estava, eu abri meus olhos vagarosamente e me deparei com o teto branco, olhei para os lados e haviam vários aparelhos piscando e 'bipando', do meu lado direito havia também uma cadeira e alguém sentado nela, dormindo. Eu estava em um hospital, obvio, mas por quê? Eu não me lembro.

Após alguns segundos uma moça alta, morena, de cabelos cor de mel, entrou e logo depois dela um homem alto um pouco calvo, ambos ao me verem ficaram com uma expressão de alivio.

- Filha que bom que você acordou – disse a moça me abraçando, eu a encarei assustada.

- Quem é você? – perguntei com olhos arregalados.

- Deixe de brincadeira Anne – disse o homem calvo.

- Eu não conheço os senhores

- Anne, somos seus pais – disse a mulher com um tom preocupado, olhando para o homem ao seu lado.

- E-eu não conheço vocês. – disse ficando assustada.

- Ela deve ter sofrido algum dano cerebral na hora do acidente e ...

- Acidente? – perguntei cortando, sem pensar, o homem.

- Você não se lembra de nada querida? – perguntou a mulher com um olhar de piedade e pesar.

- Não.

- Bem, você estava atravessando a rua enquanto ia para casa e um carro desgovernado veio na contra-mao e te atropelou, Kyle seu amigo viu tudo e chamou a ambulância.

Enquanto aquele senhor falava, eu começava a me lembrar do que aconteceu, e senti um dor terrível na perna e nos braços. Eu fiz uma careta e os dois ao meu lado fizeram uma cara de tristeza.

- É melhor irmos embora, você precisa descansar – disse o homem.

- Esperem, quem aquele cara? – eu perguntei apontando para o rapaz dormindo na cadeira.

- Ele é Kyle Riping, um amigo de ouro, não saiu de perto de você nem um segundo, Anne – disse a mulher com admiração.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Há algumas horas – respondeu a mulher.

Tentei me ajeitar na cama e minha cabeça começou a doer, fiz outra careta.

- Você precisa realmente descansar – disse o homem atenciosamente.

- É verdade, melhoras – disse a mulher e se viraram para sair do quarto.

- Mais uma coisa

- Diga – disse a mulher sorrindo

- Eu ainda não sei o nome de vocês.

- Eu me chamo Peter Suey, e a propósito sou seu medico. – disse sorridente

- Kate Suey, sou advogada, pronto agora?

- Sim, obrigada

- Não precisa agradecer – disse Kate beijando minha testa

- Vamos – disse Peter piscando pra mim e saindo do quarto.

Logo após eles saírem uma enfermeira entrou.

- Sou a enfermeira Jones, vou estar sempre por aqui, qualquer coisa é só me chamar – disse apontando para um botão branco do lado da cama.

- Ok – respondi e ela me injetou um remédio.

Eu adormeci rapidamente e por tempo indeterminado, quando acordei vi o rapaz que anteriormente dormia na cadeira, sentado ao lado da minha cama. Ele era muito bonito não podia negar, tinha cabelos bronze cacheados, olhos escuros e curiosos que pareciam dois poços te convidando a cair neles.

- Boa noite Anne – disse sorrindo timidamente.

- Já é noite? –perguntei mais uma vez tonta.

- Sim – disse sorrindo, seu sorriso era um dos mais bonitos que já havia visto.

- Quem é você?

- Sou Kyle Riping, seu amigo – disse um pouco confuso.

- Desculpa, mas eu não me lembro de você – disse e vi a frustração passar por seu rosto e logo foi substituída pela compreensão.

- É eu sei, seus pais me falaram

- Licença, desculpa interromper, mas tem uma moça que quer muito falar com a Srta. Suey – disse a enfermeira Jones entrando no quarto.

- Não precisa falar com ela se não quiser – disse Kyle muito atencioso.

- Pode deixar ela entrar, talvez quanto mais pessoas eu ver, mais eu me lembre.

- Eu queria que você se lembrasse de mim – sussurrou Kyle, tão baixo que nem parecia que tinha falado.

- O que você disse?

- Nada não.

- Vou pedir para ela entrar – disse a enfermeira saindo do quarto.

Poucos segundos depois entrou no quarto um menina de estatura media de cabelos loiros e lisos no meio das costas.

- Ola Anne, esta melhor? – perguntou se posicionando ao lado da minha cama.

- Estou sim – respondi um pouco mais disposta.

- Você se lembra de mim? – perguntou esperançosa.

Eu vasculhei pela minha mente fraca e confusa alguma lembrança daquela menina e com surpresa eu sabia quem ela era.

- Suzana?

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