quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Capitulo 10 - Decisão




Parte 1


Depois do abraço, Kate partiu o bolo e deu aos convidados, que vinham me cumprimentar alguns diziam que nasci de novo, outros diziam que eu deveria prestar mais atenção nas coisas, eu simplesmente sorria e dizia ‘obrigada’, eu não lembrava de nenhum deles e me sentia em uma daquelas reuniões de família cheias de parentes que nunca vi, mas que sabiam tudo da minha vida.

Ate que, um pequeno grupo, de quatro pessoas, veio em minha direção.

- Olá Marie Anne, nos já sabemos que você perdeu a memória – disse um deles, ele era alto, moreno e muito bonito.

- Meus ‘pais’ contaram para vocês? – perguntei aliviada por não precisar fingir, já que nem todos sabiam.

- Não, foi o Kyle – disse a menina que estava ao seu lado, eles tinham quase a mesma altura, ela também era morena e tinha mechas coloridas.

- Ahh – respondi, eles deviam ser meus amigos para Kyle ter contado para eles.

- Você não se lembra dele né? – perguntou uma loira baixinha que estava ao lado de um rapaz de cabelos cor de mel um pouco mais alto que ela.

- Não, a propósito, qual o nome de vocês?

- Que falta de educação a nossa – disse o rapaz ao lado da ‘sininho’.

- Nós somos, Meg, Hannah, Andrew e eu sou Chris – enquanto ele falava eu tive uma breve sensação de que já tinha ouvido isso antes.

- Vocês são parentes? – perguntei de repente, se curiosidade matasse eu estaria morta. xD.

- Sim, eu sou irmão de Hannah e Andrew é irmão de Meg – disse Chris entre risos.

- Por que está rindo? – perguntei.

- Nada, eu me lembrei de uma piada – disse segurando o riso.

- Diga, eu também quero rir – novamente a curiosidade bateu.

- Eu também quero saber, Chris – disse Meg sorrindo.

- Conta ai Andrew, aquela do pãozinho – ele disse olhando para Andrew, que começou a rir.

- Tá bom – disse Andrew rindo muito.

- Ebaa – disse Meg animada.

- “Estavam dois pães de queijo no forno. Um deles falou assim:


--Nossa! Tá quente aqui, não?!


E o outro respondeu:


--Socorro, socorro! Um pãozinho falante!”

Todos caíram na gargalhada, mesmo sendo um pouco sem graça, Andrew é bem engraçado apesar da cara de ‘mal’.

O telefone de Andrew tocou.

- Alo, Gaspar?

(pausa)

- Já estamos indo! – disse e desligou.

- Chris, temos que ir agora – disse Andrew apressadamente com um pouco de medo e pavor em seus olhos.

- Certo, tchau Anne, melhoras – disse Chris puxando Meg pela mão.

- Tchau Anne – disseram Hannah, Meg e Andrew em coro e saíram pela porta da frente.

Depois que todos foram embora só ficaram eu, Kate e Suzana na casa, enquanto Kate estava na cozinha eu e Suzi limpávamos a sala.

Err... Suzi limpava e eu só ajudava. xD.

- Suzi...

- Diga Anne – disse se virando para mim e deixando a vassoura e a pá em um canto da sala azul claro.

- É que, eu não vou me sentir bem nessa casa. Eu posso ficar com você por uns dias? – perguntei um pouco apreensiva.

- Claro, Anne – respondeu Suzi animada, seus olhos brilhavam de excitação.

- Que bom, depois de arrumarmos a sala teremos que falar com Kate

- Ok.

Depois que ‘limpamos’ a sala fomos falar com Kate.

- Licença Kate – disse ao entrarmos na cozinha

- O que foi querida? – disse ela deixando os pratos de lado e enxugando as mãos.

- É que,... eu gostaria de passar alguns dias na casa da Suzi, eu ainda estou muito confusa e...

- Eu entendo, mas você tem certeza disso? – disse Kate me interrompendo.

- Tenho, é que fica estranho morar com você e Peter e não me lembrar de vocês.

- Eu sei que você esta confusa filha, eu também ficaria na sua situação, então já que você acha melhor ir com a Suzana, não tem problema, mas quero que saiba que sempre poderá contar comigo.

- Obrigada, por tudo – disse e a abracei, senti lagrimas saírem dos meus olhos e dos de Kate também.

- Agora, suba e vá pegar suas coisas – disse tristemente limpando as lagrimas e voltando aos pratos.

- Esta bem – disse

Subi a escada de madeira com Suzi nos meus calcanhares, ela tinha observado tudo do lado de fora da cozinha. Encontrar ‘meu’ quarto não foi difícil, pois todas as portas tinham placas, exceto uma, a ultima porta do corredor. Ela era velha e estava corroída, eu andei em direção a ela e antes que pudesse tocar a maçaneta enferrujada, Suzi segurou minha mão.

- Não entre ai – disse ela seriamente.

- Porque não? – perguntei desafiando-a.

- É melhor pegarmos suas coisas, esta ficando tarde – disse Suzi mudando de assunto.

Tinha algo atrás daquela porta e eu iria descobrir, mais cedo ou mais tarde.

- Tá bom, vamos – disse dando meia volta e indo em direção a porta com a placa “Marie Anne”.

O quarto era lindo, as paredes intercalavam entre lilás, roxo e branco, tinha duas janelas que davam para a rua, as cortinas eram cor de lavanda com delicadas rendas, a cama era cor de marfim com um lençol branco com flores lilás. No canto direito do quarto havia um escrivaninha com um computador e na parede um quadro com varias fotos, desenhos e anotações, entre elas uma foto me chamou a atenção, eu e Kyle estávamos abraçados com um pôr-do-sol lindo ao fundo e duas anotações ao lado:

“Kyle Riping, meu melhor amigo ever, nunca vou me esquecer de você


“Marie Anne Suey, a garota mais incrível que eu já conheci

- Anne, você tem que... você esta chorando? – disse Suzi interrompendo meus pensamentos e me trazendo de volta a realidade.

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Capitulo 9 – Perguntas sem resposta




- Você se lembra dela e não lembra de mim? – perguntou Kyle indignado e muito decepcionado.
- Oh Anne, que bom que você se lembra de mim – disse Suzana me abraçando.

- Ai – murmurei, meus braços começaram a doer com a abraço de Suzana que se afastou rapidamente.

- Viu o que você fez? – resmungou Kyle dando um tapa de leve no ombro de Suzana.

- Não briguem, eu estou bem – disse com a voz fraca.

- Desculpa Anne, é que eu ...–

- Não precisa se desculpar, foi uma besteira – disse a interrompendo.

- É melhor irmos embora Suzi – disse Kyle com um pouco de pesar em sua voz.

- Por quê? - perguntou Suzi um pouco surpresa.

- Anne tem que descansar, ela já recebeu visitas demais hoje – disse Kyle com um leve tom de sabe-tudo.

- Esta bem então, tchau Anne – disse Suzi acenando.

- Tchau Marie Anne – disse Kyle tristemente.

- Tchau – eu disse e tentei acenar.

Suzana e Kyle foram embora e eu fiquei sozinha no quarto branco de hospital com os aparelhos *bipando* sem parar.

Meu pensamento vagava por lugares que eu desconhecia, flashes de cenas passadas começaram a passar por minha mente, lembranças perdidas em uma confusão de pensamentos aleatórios.

Procurei por minha mente lembranças de Suzana, Kyle e de meus ‘pais’, e para minha total surpresa, quando pensei nas palavras ‘pai’ e ‘mãe’, apareceram imagens de outro casal, menos simpáticos que Peter e Kate.

Se eles não são meus pais, porque mentiram? O que eles ganhariam me enganando? Porque não me lembro de Kyle se disseram que ele é meu melhor amigo? Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Em meio a toda essa confusão me lembrei de ter visto Suzana pouco depois de ser atropelada, ela me salvou. Mas, espera um pouco, Peter me disse que Kyle me salvou. Muito estranho...

Em meio a toda essa confusão mental, eu adormeci novamente, ao acordar vi Peter com seu jaleco branco e uma prancheta na mão.

- Que bom que você acordou filha, err Anne – disse Peter.

- É, eu não sabia que ser atropelada dava tanto sono – disse tentando ser engraçada.

- Apesar de perder a memória você continua sem conseguir ser engraçada – disse rindo e eu revirei os olhos.

- Bem, você já esta melhor, pode ir para casa, vou chamar sua mãe, err Kate.

- Esta certo – eu disse e Peter saiu do quarto.

Um tempinho depois ele entrou novamente com Kate ao seu lado.

- Vamos? – perguntou Kate empolgada.

- Vamos.

Eu levantei da cama com dificuldade, Peter e Kate me ajudaram, por causa do gesso eu não conseguia andar direito. Fomos para o estacionamento do hospital e me colocaram no carro deles um ____. Peter ficou no hospital e Kate foi dirigindo, ate que ela dirige bem.

Ela estacionou o carro em frente a uma casa de andar, com janelas e portas de madeira escura contrastando com as paredes brancas. Descemos do carro e entramos na casa, assim que Kate abriu a porta demos de cara com 15 ou 20 pessoas batendo palmas e gritando, um bolo de chocolate em uma mesa e logo acima uma enorme faixa com os dizeres: “Bem vinda de volta, Marie Anne”.

Ao ver aquela cena meus olhos se encheram de lagrimas, não só por causa da festa-surpresa, mas não lembrar das pessoas que ali estavam, eu reconheci duas pessoas: Suzana e Kyle.

Kate ao perceber que eu iria chorar me abraçou e todos os outros também me abraçaram, foi o melhor abraço em grupo que ganhei.

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Capitulo 8 – Onde estão minhas memórias?




Comecei a ouvir um bip perto de mim e um cheiro de éter que me tomou e me deixou mais tonta do que já estava, eu abri meus olhos vagarosamente e me deparei com o teto branco, olhei para os lados e haviam vários aparelhos piscando e 'bipando', do meu lado direito havia também uma cadeira e alguém sentado nela, dormindo. Eu estava em um hospital, obvio, mas por quê? Eu não me lembro.

Após alguns segundos uma moça alta, morena, de cabelos cor de mel, entrou e logo depois dela um homem alto um pouco calvo, ambos ao me verem ficaram com uma expressão de alivio.

- Filha que bom que você acordou – disse a moça me abraçando, eu a encarei assustada.

- Quem é você? – perguntei com olhos arregalados.

- Deixe de brincadeira Anne – disse o homem calvo.

- Eu não conheço os senhores

- Anne, somos seus pais – disse a mulher com um tom preocupado, olhando para o homem ao seu lado.

- E-eu não conheço vocês. – disse ficando assustada.

- Ela deve ter sofrido algum dano cerebral na hora do acidente e ...

- Acidente? – perguntei cortando, sem pensar, o homem.

- Você não se lembra de nada querida? – perguntou a mulher com um olhar de piedade e pesar.

- Não.

- Bem, você estava atravessando a rua enquanto ia para casa e um carro desgovernado veio na contra-mao e te atropelou, Kyle seu amigo viu tudo e chamou a ambulância.

Enquanto aquele senhor falava, eu começava a me lembrar do que aconteceu, e senti um dor terrível na perna e nos braços. Eu fiz uma careta e os dois ao meu lado fizeram uma cara de tristeza.

- É melhor irmos embora, você precisa descansar – disse o homem.

- Esperem, quem aquele cara? – eu perguntei apontando para o rapaz dormindo na cadeira.

- Ele é Kyle Riping, um amigo de ouro, não saiu de perto de você nem um segundo, Anne – disse a mulher com admiração.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Há algumas horas – respondeu a mulher.

Tentei me ajeitar na cama e minha cabeça começou a doer, fiz outra careta.

- Você precisa realmente descansar – disse o homem atenciosamente.

- É verdade, melhoras – disse a mulher e se viraram para sair do quarto.

- Mais uma coisa

- Diga – disse a mulher sorrindo

- Eu ainda não sei o nome de vocês.

- Eu me chamo Peter Suey, e a propósito sou seu medico. – disse sorridente

- Kate Suey, sou advogada, pronto agora?

- Sim, obrigada

- Não precisa agradecer – disse Kate beijando minha testa

- Vamos – disse Peter piscando pra mim e saindo do quarto.

Logo após eles saírem uma enfermeira entrou.

- Sou a enfermeira Jones, vou estar sempre por aqui, qualquer coisa é só me chamar – disse apontando para um botão branco do lado da cama.

- Ok – respondi e ela me injetou um remédio.

Eu adormeci rapidamente e por tempo indeterminado, quando acordei vi o rapaz que anteriormente dormia na cadeira, sentado ao lado da minha cama. Ele era muito bonito não podia negar, tinha cabelos bronze cacheados, olhos escuros e curiosos que pareciam dois poços te convidando a cair neles.

- Boa noite Anne – disse sorrindo timidamente.

- Já é noite? –perguntei mais uma vez tonta.

- Sim – disse sorrindo, seu sorriso era um dos mais bonitos que já havia visto.

- Quem é você?

- Sou Kyle Riping, seu amigo – disse um pouco confuso.

- Desculpa, mas eu não me lembro de você – disse e vi a frustração passar por seu rosto e logo foi substituída pela compreensão.

- É eu sei, seus pais me falaram

- Licença, desculpa interromper, mas tem uma moça que quer muito falar com a Srta. Suey – disse a enfermeira Jones entrando no quarto.

- Não precisa falar com ela se não quiser – disse Kyle muito atencioso.

- Pode deixar ela entrar, talvez quanto mais pessoas eu ver, mais eu me lembre.

- Eu queria que você se lembrasse de mim – sussurrou Kyle, tão baixo que nem parecia que tinha falado.

- O que você disse?

- Nada não.

- Vou pedir para ela entrar – disse a enfermeira saindo do quarto.

Poucos segundos depois entrou no quarto um menina de estatura media de cabelos loiros e lisos no meio das costas.

- Ola Anne, esta melhor? – perguntou se posicionando ao lado da minha cama.

- Estou sim – respondi um pouco mais disposta.

- Você se lembra de mim? – perguntou esperançosa.

Eu vasculhei pela minha mente fraca e confusa alguma lembrança daquela menina e com surpresa eu sabia quem ela era.

- Suzana?

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